Sunday, April 30, 2006

Posted by Picasa

Real e Virtual...

As revoluções fazem-se na busca de um mundo melhor...
Conseguiremos???

Uma história...



"Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem
afastada do movimento, pois queria aproveitar os poucos minutos de que
dispunha naquele dia atribulado, para comer e consertar alguns bugs de
programação de um sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha
viagem de férias que há tempos não sei o que são.

Pedi um filet de salmão com alcaparras, manteiga, uma salada e um sumo de
laranja.


Abri o meu notebook e apanhei um susto com aquela voz baixinha atrás de
mim:


- Tio, dá-me um trocadinho?

- Não tenho, menino.

- Só uma moedinha para comprar um pão.

- Está bem, compro-te um.

Para variar, a minha caixa de entrada esta superlotada de e-mails.
Fico distraído a arrumá-la vendo poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas.


Ah! Essa música leva-me a Londres e às boas lembranças de tempos idos.


- Tio, peça para porem margarina e queijo também.

Percebo que o menino tinha ficado ali.


- Ok. Vou pedir, mas depois deixa-me trabalhar, estou muito ocupado,ok?


Chega a minha refeição e junto com ela o meu constrangimento. Faço o pedido
do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o garoto embora.


Os meus resquícios de consciência, impedem-me de dizer.

Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar.
Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.


Então ele sentou-se à minha frente e perguntou:


- Tio o que está a fazer?

- Estou a ler uns e-mails.

- O que são e-mails?

- São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet (sabia
que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de maiores
questionários desses)disse:

- É como se fosse uma carta, só que via Internet.

- Tio você tem Internet?

- Tenho sim,é essencial no mundo de hoje.

- O que é a Internet ?

- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas,

notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar,aprender.

Há de tudo no mundo virtual.


- E o que é virtual?

Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele
pouco vai entender e vai me libertar de mais explicações, deixando-me
comer a minha refeição,sem culpas.


- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar,tocar. É

lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer.

Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos
que fosse.

- Muito bonito isso! Gostei!

- Menino,tu entendeste o que é virtual?

- Sim, também vivo neste mundo virtual.

- Tens computador?

- Não, mas o meu mundo também é assim...Virtual...

A minha mãe fica todo o dia fora, só chega muito tarde, quase não a vejo, eu fico a
cuidar do meu irmão mais pequeno que chora de fome e eu dou-lhe água
para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todos os dias e diz
que vai vender o corpo, mas não entendo pois ela sempre volta com o
corpo, meu pai está na cadeia há muito tempo, mas eu sempre imagino a nossa
família toda junta em casa, muita comida,muitos brinquedos de natal e eu indo ao colégio para me tornar um médico um dia.

Isso é virtual não é tio???


Fechei o meu notebook, não antes das lágrimas caírem sobre o teclado.
Esperei que o menino terminasse de literalmente "devorar" o prato dele, paguei a conta, dei o troco para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado tio você é fantástico!".


Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que
vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel rodeia de verdade e
fazemos de conta que não percebemos!"

Monday, April 24, 2006

Posted by Picasa
Esta canção do Zeca Afonso
espelhava em 1974
O sentimento do povo português
Antes daquela clara madrugada
do 25 de Abril de 1974!!!



Menina dos olhos tristes
O que tanto a faz chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Vamos senhor pensativo
olhe o cachimbo a apagar
o soldadinho não volta
do outro lado do mar

Senhora de olhos cansados
Porque a fatiga o tear
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

Anda bem triste um amigo
Uma carta o fez chorar
O soldadinho não volta
Do outro lado do mar

A lua que é viajante
é que nos pode informar
O soldadinho já volta
está mesmo quase a chegar

Vem numa caixa de pinho
Do outro lado do mar
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar

Sunday, April 23, 2006

Posted by Picasa
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
Alguns lamentos,
Muitas espadas.
.
É urgente inventar alegria,
Multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
E manhãs claras.
.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
Impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
.
Eugénio de Andrade (1923 - 2005)

Tuesday, April 18, 2006

Posted by Picasa
Contigo naveguei por mares que não conheço,
Debrucei-me em balustradas de navios de brumas feitos,
Vivi tempo demais do sopro que pressentia
no teu olhar de gaivota solta,
Olhei-te então e demorei-me tentando perceber
que afinal não eras o coração que esperava.
Lambi as lágrimas do meu desespero.
Demoradamente, mastiguei-as,
tentando transformar raiva em suavidade
enxuguei-as e tentei partir para a luta
do esquecimento...

Nunca mais te consegui chamar de Amor...
A minha boca recusa-se a pronunciar o teu nome,
O meu pensamento recusa-te palavras doces,
Acordei finalmente da letargia,da dôr...
No momento em que te senti distante
desfeitos os nós que nos prendiam,
percebi que há muito te havia amortalhado
e jazias frio no vazio do meu desespero
só que eu ainda não tinha percebido...

Agora, qual criança à espera de uma carícia,
aguardo a chegada do anjo bom,
que possa reconciliar-me comigo,
fazendo lembrar-me que existo,
trazendo-me de novo a esperança,
a confiança que espero se torne abrigo
campo de flores desta nova era
onde, apesar dos trigos maduros
possa haver ainda primavera!

Thursday, April 13, 2006

Posted by Picasa

FELIZ PÁSCOA 2006!

Desejar-vos a todos Feliz Páscoa são os meus votos sinceros de mais uma tentativa humana de renovação espiritual e mental, com alegria e com muito amor.

Que a família humana transborde para além dos metros quadrados em que a família real se reúne! Que esta se amplie com sentimentos universais!

Monday, April 10, 2006

Posted by Picasa
Por esta angústia infame,
contra o medo, contra a dôr,
lutaremos!
meu amor...

Tuesday, April 04, 2006

Posted by Picasa
Sonho-te e não te percebo os contornos...
indistintamente, tranformas-te em aragem,
centelha de pensamento luminoso
que transforma o meu dia.
Subitamente a luz ofusca-te!
sinto-te como se um leve bater de asas,
acontecesse em mim...

Sunday, April 02, 2006

Posted by Picasa

O frio que vem de dentro...para reflectir...

Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve.
Teriam que esperar até ao amanhecer para poderem receber socorro.
Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao
redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse - eles sabiam-no, todos
morreriam de frio antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um
colocar a sua lenha na fogueira. Era a única maneira de poderem
sobreviver.

O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros
cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então ele raciocinou
consigo mesmo:
- "Aquele negro! Jamais darei a minha lenha para aquecer um negro." E
guardou-as protegendo-as dos olhares dos demais.
O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava
receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um círculo em torno do fogo
bruxuleante, um homem da montanha, que trazia a sua pobreza no aspecto rude
do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas ao valor
da sua lenha e enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou:
- "Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso?"
O terceiro homem era o negro.Os seus olhos faiscavam de ira e
ressentimento.
Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral
que o sofrimento ensinava.O Seu pensamento era muito prático:
- "É bem provável que eu precise desta lenha para me defender.
Além disso,eu jamais daria a minha lenha para salvar aqueles que me oprimem".
E guardou as suas lenhas com cuidado.
O quarto homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os
outrosos caminhos, os perigos e os segredos da neve.
Ele pensou:
- "Esta neve pode durar vários dias. Vou guardar a minha lenha."
O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente
para as brasas. Nem lhe passou pela cabeça oferecer da lenha que
carregava.
Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?)
para pensar em ser útil.
O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosa das mãos,
os sinais de uma vida de trabalho.O seu raciocínio era curto e rápido.
- "Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem
mesmo o menor dos meus gravetos."
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última
brasa da fogueira cobriu-se de cinzas e finalmente apagou-se.
Ao alvorecer do dia, quando os homens do Socorro chegaram à caverna
encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de
lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de Socorro
disse:
- "O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de
dentro!...."

( Anônimo)