Thursday, September 28, 2006

O Lago

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal num copo d'água e bebesse.
"Qual é o gosto?" perguntou o Mestre.
"Ruim" disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse noutra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:
"Beba um pouco dessa água".
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
"Qual é o gosto?
""Bom!" disse o rapaz.
"Você sente gosto do sal" perguntou o Mestre?
"Não" disse o jovem.
O Mestre então sentou-se ao lado do jovem, pegou na sua mão e disse:
"A dor na vida de uma pessoa não muda. Mas o sabor da dor depende aonde a colocamos.
Então quando você sentir dor, a única coisa que você deve fazer é aumentar o sentido das coisas.
Deixe de ser um copo.
Torne-se um lago!

Wednesday, September 20, 2006

O Vôo...



Chegou à praia depois de uma noite de insónia. Esticou a toalha e o corpo moldou-se na areia, num acordo de formas necessárias que conseguiram tornar-se dossel de um descanso pretendido.

A noite fora grande demais para os pensamentos que a percorreram. Noite fora, dera voltas e voltas, sem encontrar posição correcta que lhe permitisse alhear-se de tudo, cair num poço escuro e silencioso, que calasse todas as amarguras que dilaceraram a sua mente, naqueles dias.

Todos dizem que o amor liberta e sempre fora o que teria desejado para si. Então porquê aquela sensação de asas cortadas, sem encontrar rumo para o seu vôo?

O que seria mesmo o amor ? De libertação não tinha o perfil, segundo aquilo que lhe parecia, pois os seus dias e as suas noites, todos os minutos dos dias e das horas indormidas, pareciam-lhe uma prisão onde só a noite entra e não se vislumbra qualquer
porta de saída…

Porquê? Porquê?
Agora deitada ao lado do mar, enroscada sobre si mesma na areia da praia, sentia-se a salvo daquele assalto de que o seu corpo e o seu espírito foram alvo. Imaginou, de olhos fechados e com o mar em fundo, como a distância colocaria dores no peito porque os olhos deixariam de ver e os ouvidos de ouvir.
Mediu tudo: a viagem, o desconhecido, a surpresa da fuga, o desânimo para começar de novo, o medo…a distância, a alegria da chegada,o abrir os olhos para novos horizontes, as amizades antigas, completamente alheias a este seu sofrimento.

Libertação!

Olhou as gaivotas no seu revoltear chilreante, ouviu o murmúrio das ondas que, como um cântico de outras eras ressoou na sua mente, levantou-se muito lentamente – cada músculo do seu corpo ganhando asas, encetou os movimentos de vôo, abriu os braços agora transformados em asas e içou-se no azul dourado da manhã.

Lentamente, elevou-se no ar, surpresa da falta de peso. Era tão fácil voar, afinal…

Serena mas firme, continuou as suas evoluções aéreas, olhando agora o mundo de uma forma diferente.

Lá em baixo, o seu corpo continuava depositado na praia, feita leito…

Feliz, percebeu que já não havia nem espaço nem tempo, nem angústias que a impedissem de se voltar para o ponto que desejava, para o lugar ansiado, para o final da busca que empreendera, há muito, em busca do seu amor, agora cada vez mais perto de si.

Quando olhou o sol estremunhado, mas cada vez mais dourado, os seus olhos brilharam e sentiu-se feliz!

Luz Dourada






Friday, September 15, 2006




Apesar do Outono já estar a espreitar,
desejo-vos um óptimo fim de semana,
pleno de paz, felicidade e muita alegria!
Beijinhos!!!

Friday, September 08, 2006


Serenidade

É aquilo que sinto, no estar contigo
O amor, o apoio, a cumplicidade,
Sentimentos partilhados,
Sonhos cruzados, entrelaçados!
Esse estar sempre ao lado,
Nem à frente nem atrás,
Ao lado, sim…
Isso é ser amante e ser amigo,
É saber que estarás ali
À minha espera,
É bom não estar sozinho
Nesta caminhada,
Sonhos sonhados juntos
Na procura da realização,
É não sentir a solidão,
Estar aqui e mais além e sentir a tua mão
Sempre a procurar a minha,
É ser ao mesmo tempo, escrava e rainha,
É sentir que te faço bem e tu a mim igual,
É sentir-me senhora de um mundo melhor
Onde não há pobres de pão e de amor,
Onde as crianças poderão correr em paz,
Pelos verdes relvados do porvir,
É aspirar a um mundo novo
Mais puro, mais justo, mais igual,
É ter na mão uma bola de cristal
Que nos faz acreditar que amanhã será um novo dia
Que nos emprestará cores renovadas
Na tela temperada da nossa vida
Entre pincéis de cores variadas
De histórias entrelaçadas
Que nos poderão trazer a paz e a alegria!